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É Real?

O que está em causa?

Numa publicação do Facebook, a autora indica que a Depressão pós-parto é uma condição de saúde mental que afeta apenas as mulheres. A restante publicação enfatiza os vários sintomas que alguém pode sentir. Isto é real?

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Paternidade e Depressão: 
A Realidade Silenciosa dos Homens

“Depressão Pós-Parto - mais uma barreira a ser ultrapassada que afeta somente o feminino.”, é possível ler numa publicação partilhada no Facebook a 14 de novembro de 2023. Na restante publicação, a autora indica os diferentes sintomas que alguém pode sentir durante uma depressão Pós-Parto, sem divulgar qualquer tipo de fonte de informação.

 

Será que, no que diz respeito à alegação sobre a depressão pós-parto ser uma doença que afeta unicamente as mulheres, a afirmação é verdadeira? Não, a afirmação é falsa, os homens também podem e sofrem com depressão pós-parto.

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Fonte: Keith Negley
Legenda: Os recém-pais continuam a sofrer de depressão pós-parto em silêncio, sem procurar o acompanhamento devido.

Através da análise da tese de uma estudante, Mariana Soares, do Instituto Universitário Ciências Psicológicas, Sociais e da Vida (ISPA), os valores relativos ao número de mulheres que sofrem de Depressão Pós-Parto têm aumentado nos últimos anos. Alguns autores assumem o esquecimento que existe em torno do papel do homem enquanto pai no momento da gravidez, do parto e do pós-parto. Apenas recentemente apareceram investigações com o propósito de estudar a paternidade, perceber a adaptação do homem ao papel de pai e como esta adaptação pode significar a origem de uma psicopatologia. No entanto, em Portugal, continuam a ser poucos os estudos que procuram saber mais sobre o tema no sexo masculino, apesar de já se saber que é algo que pode afetar significativamente o homem.


A depressão pós-parto é uma condição de saúde mental que pode afetar qualquer pessoa, não é exclusiva das mulheres. Segundo um artigo publicado na Nature, uma revista científica interdisciplinar britânica, a prevalência de depressão nos homens é maior após o nascimento de um filho do que em outros momentos da sua vida.

 

Em 2017, o jornal generalista Observador publicou um artigo no qual relata a história de diferentes pais que sofreram sintomas depressivos após o parto, comprovando que é uma realidade que pode chegar a qualquer um.

De acordo com o site da CUF, em 2010, realizou-se um estudo norte-americano, publicado no Archives of Pediatric & Adolescent Medicine, que revelou que cerca de 4% dos homens sofrem de depressão pós-parto

 

Há uma forte ligação entre a depressão materna e a depressão paterna. O Instituto Ery, instituição de ensino à distância em Saúde Materno Infantil, divulgou dados de estudos internacionais. Estes mostram que no período pós-parto, aproximadamente 8 a 10% dos pais apresentam sintomas de perturbação mental como sentimentos de irritabilidade, insegurança, ansiedade e depressão que podem surgir em diferentes momentos, mais ou menos próximos do momento do parto. No caso de homens com mulheres com depressão, esta taxa pode chegar a 40%. 

 

Através do estudo da Mariana Soares, existe um estigma de que apenas as mulheres podem deprimir com a vinda de um bebé. Consequentemente, os recentes pais tendem a esconder os seus sentimentos de si e dos outros, pensam que são fortes e negam a perturbação psicológica pela qual estão a passar. Há até autores, como Melrose (2010), que colocam em causa a preparação da comunidade médica para lidar com casos de Depressão Pós-Parto masculina. Certos países têm estratégias implementadas para suportar emocionalmente o pai na transição para a parentalidade. Em Portugal, parece ainda não existir qualquer tipo de intervenção precoce nos homens.


No mesmo artigo da revista Nature, mencionado anteriormente, destacam que é de extrema importância incluir o pai nas avaliações durante o período pós-parto e averiguar possíveis distúrbios psiquiátricos em intervalos de tempos semelhantes aos da avaliação da mulher.

Desfazer os mitos em torno da depressão pós-parto masculina é essencial para promover uma compreensão mais detalhada dessa condição, de modo a promover a saúde mental de todos. Confirma-se, assim, os referidos sintomas de uma depressão pós-parto. Porém, não é uma barreira que afeta somente o feminino.

O que está em causa?

Numa publicação do Instagram na página da CNN Portugal, a autora indica o primeiro tratamento oral para esta condição mental: depressão pós-parto.  Isto é real?

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Novo medicamento pode revolucionar o tratamento da DPP

Numa publicação do instagram da CNN Portugal lê-se “E é um novo fármaco oral que traz este assunto (ainda para muitos, um tabu) novamente à baila.”, a 22 de agosto de 2023. Na restante publicação, são abordadas diferentes questões referentes ao primeiro tratamento oral para esta condição de saúde mental: depressão pós-parto.

 

Será que, no que concerne à declaração que há um novo tratamento oral para a depressão pós-parto, a afirmação é verdadeira? Sim, é real. O medicamento já foi aprovado nos EUA pela Food and Drug Administration (FDA).

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Fonte: Anna Godeassi
Legenda: Segundo um estudo publicado a 1 de setembro de 2023, o medicamento apresentou resultados positivos após o décimo quinto dia.

De acordo com o comunicado de imprensa da FDA, Zurzuvae (zuranolona) é o primeiro medicamento oral aprovado para tratar a depressão pós-parto. O medicamento é de toma diária (50mg) durante o período seguido de 14 dias. Zurzuvae foi testado em duas mulheres que foram diagnosticadas com depressão pós-parto que se encontravam nos critérios do “Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders” por sofrerem de graves  episódios depressivos no terceiro trimestre depois do nascimento dos seus filhos. Os sintomas destas pacientes foram monitorizados durante pelo menos quatro semanas depois dos 14 dias da toma dos comprimidos, de acordo com “17-item Hamilton depression rating scale (HAMD-17)”. O medicamento foi aprovado e os seus direitos foram garantidos à Sage Therapeutics, uma empresa biofarmacêutica que desenvolve terapias para ajudar pessoas com distúrbios mentais.

Segundo o jornal BBC, a FDA partilhou que antes deste medicamento existir, o único tratamento disponível para a depressão pós-parto era através de uma injeção intravenosa, Zulresso (brexanolone). Também o jornal Sic Notícias, partilhou que esta injeção tem de ser administrada durante 3 dias seguidos e tem o preço de 30.800€.

 

No ensaio da FDA, a Zuranolona demonstrou melhorias significativas nos sintomas depressivos e foi geralmente bem tolerada, apoiando o potencial da Zuranolona como um novo tratamento oral de ação rápida para a condição mental.

 

Assim, por ser um comprimido especificamente concebido para esta doença mental, os especialistas acreditam que pode também ajudar a combater o estigma desta, encorajando os cidadãos a procurar ajuda.


Posto isto, está comprovada a aprovação do medicamento de combate à depressão pós-parto nos EUA. No entanto, o "É Real?" considera que a publicação não é suficientemente transparente, dado que não explicita que apenas está disponível nos EUA, e não em Portugal.

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