À conversa com...
Como se apercebeu que algo não estava certo após o parto?
Joana Costa
Apercebi-me passado uns três ou quatro dias que tinha uma tristeza profunda em mim. Não era nada relacionado com o bebé, era comigo mesma. Estava com imenso medo de falhar com o bebé, de não ser boa mãe. Tinha medos constantes e sempre a pensar no que poderia acontecer. Em todas as coisas más que poderiam acontecer. Eu senti medos inexplicáveis, sensação de estar numa nuvem cinzenta. Estava a viver o melhor do mundo, e não estava bem.
Helena Ventura
Como a depressão pós-parto afetou a sua vida diária e relacionamentos?
Joana Costa
Não afetou a minha relação com o meu parceiro pois ele tem conhecimento da depressão que tive em 2019, então não foi uma surpresa. Ele apoiou-me e esteve sempre ao meu lado. Em relação ao meu dia-a-dia, afetou no sentido em que me isolei mais e só queria estar sozinha, até começar a sentir mudanças em mim através da medicação. Eu acho que as pessoas não conseguem entender que podemos estar a viver o melhor e o pior do mundo ao mesmo tempo.
Helena Ventura
Como foi o processo de busca por ajuda profissional ou de amigos e família?
Joana Costa
Vi muitas páginas de ajuda e tenho muitas amigas com problemas do foro psicológico, principalmente ansiedade. Instagram ajudou me imenso, tal como o TikTok, porque lá há muitos testemunhos reais de pessoas a passar pelo mesmo.
Helena Ventura
O que a ajudou na sua recuperação?
Joana Costa
A medicação ajudou-me sem dúvida! Tomo sertralina, subi ligeiramente a medicação para me ajudar. Equilibrou este meu desequilíbrio que tinha a nível cerebral. Demorou cerca de 20 dias a sentir progressos. Para mim a medicação chegou. E claro, o apoio e compreensão do parceiro e amigos.
Optei por não falar tanto com a família sobre o assunto. Não os queria preocupar.
Helena Ventura
Se pudesse dar um conselho para as mães que estão a passar por depressão pós-parto, qual seria?
Joana Costa
Eu tive baby blues e já tinha registo do que era ter uma depressão, então apanhei os sinais cedo.
Procurar terapia e acompanhamento psiquiátrico. E procurar o apoio de amigos e família. Saber que não estamos sozinhas, pois é bastante comum pensar dessa forma nestes casos. Fujam do estigma e não se assustem com a medicação. Tudo melhora se tivermos no caminho certo.
Helena Ventura